O solo é um recurso natural básico, constituindo um componente fundamental dos ecossistemas e dos ciclos naturais, um reservatório de água, um suporte essencial do sistema agrícola e um espaço para as actividades humanas e para os resíduos produzidos.
Uma vez que, na natureza todos os processos são interdependentes, a degradação do solo está intimamente relacionada com problemas de outros recursos: recursos hídricos, biodiversidade e redução da qualidade de vida da população afectada.
A degradação do solo põe advir de vários fenómenos:
- erosão ou desertificação do solo
- utilização de tecnologias inadequadas;
- falta de práticas de conservação de água no solo;
- destruição da cobertura vegetal, nomeadamente para a expansão urbana.
Acerca do fenómeno de “desertificação”, este termo aponta para "a degradação da terra nas zonas áridas, semi-áridas e sub-húmidas secas resultantes de factores diversos tais como as variações climáticas e as actividades humanas" (Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação).
A erosão ou desertificação dos solos é um problema que se está a agravar quer a nível mundial quer a nível nacional, precisamente devido ao impacte das actividades humanas. As técnicas agrícolas que se estão a usar fazem com que o teor de matéria orgânica diminua, ficando os solos cada vez mais inférteis e vulneráveis a este fenómeno. Para isso também tem contribuído uma exploração florestal pouco adequada aos solos locais.
Portugal é dos 120 países a nível mundial com problemas de desertificação física dos solos e uma das nações europeias mais susceptíveis a este fenómeno. Apesar do nosso país possuir 10% de solos considerados férteis, a actual taxa de ocupação de culturas agrícolas chega aos 30%. Além disso, tem-se insistido noutras práticas agrícolas inadequadas, como queimadas do restolho e lavouras em zonas de clivosas.
Devido a essa sobreexploração, cerca de 68% dos solos estão ameaçados pela erosão e 30% encontram-se em processo acelerado de desertificação, particularmente nas regiões do Alentejo, Algarve, Beira Interior e Trás-os-Montes.
A utilização de tecnologias inadequadas e consequente contaminação dos solos dá-se principalmente por resíduos sólidos e líquidos, efluentes provenientes das actividades agrícolas, descargas de suiniculturas ou de indústrias de vários ramos, etc.
Poderemos estar a falar de contaminações por nitratos, por exemplo, em que a sua fonte mais problemática são os fertilizantes utilizados na agricultura e que têm grande capacidade de escorrerem e de se dissolverem na água, com consequências para o meio e para a saúde de quem lá vive.
Os compostos orgânicos tóxicos como os hidrocarbonetos (derivados do petróleo em que há fugas de combustível das estações de serviço, por exemplo) e os pesticidas (da actividade agrícola intensiva) também contribuem para a contaminação dos solos. Estes compostos têm a particularidade de serem dificilmente biodegradados pelos organismos decompositores, ficando no meio por muito tempo.
Outro exemplo de contaminantes do solo diz respeito aos metais pesados, como o mercúrio, o chumbo e outros que podem ser provenientes de esgotos industriais. O seu efeito nefasto ultrapassa a gravidade de outros poluentes pois trata-se de compostos com uma toxicidade elevada, são muito persistentes no meio (permanecem muito tempo) e acumulam-se nos organismos contaminando toda a cadeia alimentar.
Assim, pode-se concluir que a contaminação do solo ocorrerá sempre que se modifique as suas características naturais e as suas utilizações, produzindo efeitos negativos a muitos níveis.
Estando as questões do solo intimamente relacionadas com outros recursos naturais, convidamo-lo(a) a visitar as janelas dedicadas aos temas da água, dos resíduos, da biodiversidade e da floresta.